CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS
8a. Assembléia e Cinqüentenário

PRESS RELEASE
Comunicado de Imprensa No. 33
14 de dezembro de 1998

Oficina de Comunicação do Conselho Mundial de Igrejas
50, route de Ferney PO Box 2100, 1211 Geneva 2 Switzerland


DIREITOS DAS MULHERES SÃO DIREITOS HUMANOS, DIZ CMI

Reconhecendo que os direitos das mulheres são direitos humanos, uma vez que todos seres humanos são criados à imagem de Deus, o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) apela aos governos, sistemas jurídicos, igrejas e instituições que respondam com ações concretas para a garantia de tais direitos, num mundo em que cresce a violência contra a mulher. Em documento aprovado hoje pela 8a. Assembléia, o organismo ecumênico internacional pede às igrejas para que iniciem programas de conscientização e educação sobre direitos humanos.

Um documento de estudo da Assembléia admite que nem sempre as igrejas têm saído em defesa de quem padece violência e discriminação, e reconhece "a cumplicidade com os príncipes, poderes e estruturas de nosso tempo, responsáveis por violações em massa dos direitos humanos". O estudo pede que as igrejas superem a exclusão e marginalização em seu próprio meio, e que incentivem a plena participação em suas atividades e administração. Lembra que é preciso combater as raízes das violações dos direitos humanos que se encontram nas "estuturas internacionais injustas ou derivam do apoio externo a regimes repressivos".

Ao mesmo tempo, o documento de estudo lamenta que o discurso internacional em matéria de direitos humanos esteja sendo politizado mais uma vez, como ocorreu durante a guerra fria. Declara a corrupção como "um dos males maiores de nossas sociedades" e aplaude a campanha mundial para a vigência da Convenção Internacional sobre Proteção dos Direitos de todos os Trabalhadores Migrantes e suas Famílias. Na sua saudação pessoal à 8a. Assembléia, em Harare, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, reconheceu e agradeceu o empenho das igrejas na defesa dos direitos humanos.

O CMI apoia a luta das igrejas contra a impunidade e afirma que um elemento fundamental de reparação depois de conflitos é a busca da verdade e justiça para as vítimas, o perdão e a reconciliação em sociedades que sofreram violações sistemáticas dos direitos humanos. "A justiça para as vítimas deve incluir dispositivos de reparação, restituição e indenização por perdas sofridas", reza o documento de estudo. Ao mesmo tempo, o CMI aplaude a criação da Corte Penal Internacional e exorta as igrejas para que incentivem os governos de seus respectivos países para que ratifiquem o Acordo de Roma e incorporem a aceitação da jurisdição dessa Corte Internacinal na legislação nacional.

O estudo do CMI reconhece que a religião influi cada vez mais nos processos sócio-políticos e que a religião muitas vezes tem contribuído para a repressão e violação dos direitos humanos. "Os poderes tendem a apelar cada vez mais às igrejas e a outros grupos religiosos no apoio de objetivos nacionais, raciais ou étnicos restritos, e em apoio a uma legislação discriminatória que consagra a intolerância religiosa". O CMI enfatiza a universalidade do evangelho, condena qualquer tipo de proselitismo religioso e aponta para o lugar central que a liberdade religiosa ocupa nos direitos humanos fundamentais.

Os cristãos por si só não conseguem resolver as violações aos direitos humanos e a busca por justiça. O estudo aponta para "esforços coletivos interconfessionais para explorar valores e tradições" que transcendem os limites religiosos e culturais no interesse da justiça e da paz na sociedade. Na perspectiva de futuro que esse organismo ecumênico vislumbra aparecem as comunidades sustentáveis. "Nossa visão de uma economia justa e moral nos faz responsáveis por construir e propiciar economias que coloquem em primeiro plano as pessoas e o meio ambiente". Tendo no amor ao próximo como expressão prática da fé ativa em Cristo, "somos membros uns dos outros, e quando um sofre, todos sentem dor", finaliza o documento.

A 8a. Assembléia do CMI, reunida no campus da Universidade de Harare desde o dia 3 de dezembro, terminou hoje com a adoção de diretrizes para a atuação ecumênica na virada do século. O encontro contou com a participação de 958 delegados oficiais das 332 igrejas protestantes, anglicanas e ortodoxas, de 120 países, além de observadores de outras denominações, assessores, convidados e jornalistas. O CMI se entende como uma fraternidade de igrejas, nasceu em 1948 com a participação de 147 denominações que se engajaram no propósito de caminharem juntas para a unidade visível.

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O Conselho Mundial de Igrejas é uma fraternidade de igrejas que reúne 339 denominações, de diferentes tradições cristãs, em mais de 100 países, nos cinco continentes. A Igreja Católica Romana não é membro do CMI, mas trabalha de modo cooperado com o Conselho. Seu órgão decisório máximo é a Assembléia, que se reúne a cada sete anos. O CMI foi fundado, formalmente, em 1948, em Amsterdã. Seu staff é liderado pelo secretário-geral, pastor Konrad Raiser, da Igreja Evangélica da Alemanha.


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