CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS
8a. Assembléia e Cinqüentenário

PRESS RELEASE
Comunicado de Imprensa No. 20
10 de dezembro de 1998

Oficina de Comunicação do Conselho Mundial de Igrejas
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CASO PINOCHET: IMPUNIDADE NÃO É MAIS ABSOLUTA

A autorização do ministro do Interior britânico, Jack Straw, para a abertura do processo de extradição do general Augusto Pinochet, solicitado pela Espanha, "é um sinal de que a impunidade por crimes cometidos no exercício do poder não é mais um dado absoluto, mas há uma consciência e dispositivos legais internacionais que coibem e punem tais práticas criminosas contra a pessoa humana", declarou, em Harare, o presidente do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), Dr. Walter Altmann.

A América Latina, afirmou, tem procurado esconder os anos de chumbo dos regimes militares que estiveram no poder em vários países da região. Com isso, as feridas do passado foram só aparentemente tratadas. "A detenção e extradição de Pinochet fez com que essa ferida se reabrisse. É doloroso para o povo chileno, mas também se constitui condição indispensável para um verdadeiro processo de reconciliação, após a apuração dos crimes e a compensação legal das vítimas".

O presidente do CLAI participa, em Harare, na qualidade de observador, da 8a. Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI). Ele explicou que essa retomada histórica, aberta com o caso Pinochet, corresponde, de certo modo, à visão teológica do perdão. "O perdão nunca é a aceitação do pecado cometido, mas pressupãe arrependimento e decisão de não mais vir a cometer o crime". Nesse sentido, "o processo em si é um sinal esperançador para o futuro, pois coloca a perspectiva do risco de punição para quem, no exercício do poder, esteja tentado a não respeitar a dignidade da pessoa humana", acrescentou.

Altmann, que é pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), também acha desejável que todos os acontecimentos relacionados ao golpe militar no Chile, inclusive os apoios internacionais, fossem esclarecidos e que "tivéssemos um direito internacional eficaz, que coibisse a ação de naçães militarmente poderosas em países do Terceiro Mundo".

Já a Assembléia do CMI, lembrando o cinqüentenário da declaração dos direitos humanos, hoje, assinala que tal documento é um marco na história da humanidade. Admite, por outro lado, que a a declaração ainda não é observada universalmente e que nenhum país respeita os direitos humanos de modo pleno. "Por causa da pobreza, da ignorância, da exploração e da repressão, inúmeras pessoas seguem desconhecendo que têm tais direitos inalienáveis, e ainda mais numerosos são os que não podem exercê-los", diz o documento.

O CMI reconhece, ainda, que muitas vezes cristãos têm sido "agentes da injustiça". O organismo ecumênico internacional entende que os direitos humanos, inclusive o direito à liberdade religiosa, não devem ser reivindicados como privilégio exclusivo por nenhuma religião, nação ou grupo, e que a vigência de tais direitos "é essencial para o serviço de toda a humanidade". O documento compromete o CMI a buscar a defesa e a promoção dos direitos humanos em cooperação com outras pessoas, religiães e convicçães.

Delegados de 339 igrejas protestantes, anglicanas e ortodoxas de 120 países estão reunidos, em Harare, para definir linhas de ação ecumênica para o CMI com vistas ao novo século. No domingo, 13, esse organismo ecumênico internacional, que se entende como uma fraternidade de igrejas, vai festejar 50 anos de fundação. O Conselho nasceu em 1948, em Amsterdã; ele é encabeçado por um Comitê Central formado por 150 pessoas e reúne-se em assembléia, órgão deliberativo máximo, a cada serte anos. A secretaria-geral, atualmente liderada pelo pastor luterano Konrad Raiser, da Alemanha, tem funçães executivas.

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O Conselho Mundial de Igrejas é uma fraternidade de igrejas que reúne 339 denominaçães, de diferentes tradiçães cristãs, em mais de 100 países, nos cinco continentes. A Igreja Católica Romana não é membro do CMI, mas trabalha de modo cooperado com o Conselho. Seu órgão decisório máximo é a Assembléia, que se reúne a cada sete anos. O CMI foi fundado, formalmente, em 1948, em Amsterdã. Seu staff é liderado pelo secretário-geral, pastor Konrad Raiser, da Igreja Evangélica da Alemanha.


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