CONSELHO
MUNDIAL DE IGREJAS 8a. Assembléia e Cinqüentenário
PRESS RELEASE
Oficina de Comunicação do Conselho Mundial de
Igrejas |
A análise é do pastor luterano Oneide Bobsin, professor na área de Ciências da Religião na Escola Superior de Teologia (EST), em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Em "padare" - palavra do idioma shona que significa reunião informal - durante a 8a. Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reunido de 3 a 14 de dezembro em Harare, capital do Zimbábue, Oneide trouxe "aspectos políticos e culturais do pentecostalismo no Brasil". Já a liderança de igrejas pentecostais, como a Assembléia de Deus (a maior delas) e O Brasil para Cristo, determinam cada vez menos em quem os fiéis devem votar, observou.
Cresce, assim, o descompasso entre as lideranças pastorais de cúpula, que tendem a ser mais conservadoras, e as bases, onde se fortalece, no plano individual, a liberdade de decisão pessoal no campo político-eleitoral. "Os fiéis parecem ser mais livres para opções mais à esquerda que os líderes pastorais", diz o professor da EST. Até os anos 60, o pentecostalismo, que foi trazido dos Estados Unidos ao Brasil em 1910, tinha um discurso de não-participação política, e de obediência irrestrita à autoridade. Durante o regime militar constata-se um vazio, e após 1985, com a democratização, os pentecostais descobrem a política como um meio de se inserirem na sociedade.
Depois que as igrejas pentecostais, como a Assembléia de Deus, buscaram sua institucionalização, e com a abertura política, o crente dessas denominações angariou autonomia de decisão no campo sócio-político. "Tem áreas da vida que essas igrejas não determinam mais como se posicionar", analisa o professor. Essa mesma autonomia está menos presente, porém, nas igrejas neopentecostais. Uma pesquisa do Instituto de Estudos da Religião (ISER) entre pentecostais do Rio de Janeiro, em 1996, mostra que 56% dos neopentecostais votaram nos candidatos indicados pelos pastores.
O professor da EST faz ainda outras leituras do mundo crente. "A participação política e um possível envolvimento ecumênico com os diferentes grupos pentecostais passa, em primeiro lugar, pela luta individual ou coletiva por melhores condições de vida", assinala. Num mundo globalizado, no qual crescem o desemprego e o trabalho informal, a ética protestante, tão marcante no protestantismo histórico, parece não ter mais importância. "Em seu lugar ganha corpo uma religiosidade neopentecostal, que privilegia os aspectos mágicos da religião".
Oneide admite, no entanto, que numa sociedade de exclusão e exploração acentuada, como acontece no Brasil, "a religião se transforma num meio de sobrevivência. Ela não somente recria o sentido da vida, como também permite um mínimo de dignidade, embora subordinada à lógica da exclusão".
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