CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS
8a. Assembléia e Cinqüentenário

PRESS RELEASE
Comunicado de Imprensa No. 17
9 de dezembro de 1998

Oficina de Comunicação do Conselho Mundial de Igrejas
50, route de Ferney PO Box 2100, 1211 Geneva 2 Switzerland


CURSO PREPARA PROMOTORAS POPULARES DE JUSTIÇA

Além do agente comunitário de saúde, do alfabetizador de adultos e do agente de pastoral, o movimento social brasileiro começa a conhecer um outro ator que ganha importância nas vilas das grandes cidades: a Promotora Popular de Justiça. Com a assessoria da Themis, uma organização não-governamental que oferece apoio jurídico a mulheres empobrecidas em Porto Alegre, o Centro Ecumênico de Evangelização, Capacitação e Assessoria (CECA), de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, elegeu a formação dessas promotoras como um de seus principais projetos do programa "Solidariedade e Cidadania", vinculado à Teologia da Vida.

"É nas vilas onde se constatam as maiores violações dos direitos humanos. Mas também é lá que estão as maiores vítimas da exclusão: mulheres e crianças. Infelizmente a Justiça só chega à vila para punir", diz Desir Garcia da Silva, assessor do CECA. A convite do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Desir veio contar essa experiência na formação da Promotora Popular de Justiça num "padare" - palavra shona que significa reunião informal - em Harare.A 8a. Assembléia Geral do CMI, na capital do Zimbábue, reúne, de 3 a 14 de dezembro, cerca de 5 mil pessoas, entre delegados de igrejas protestantes, anglicanas e ortodoxas de mais de cem países, observadores ecumênicos, jornalistas e convidados.

O curso, de quatro meses de duração, capacita lideranças femininas das vilas de São Leopoldo para a atuação na defesa dos direitos mais elementares da comunidade. No curso, as mulheres ficam conhecendo a estrutura do Poder Judiciário para poder informar à vizinhança como encaminhar casos que requerem a ação da Justiça, do Conselho Tutelar ou do Juizado de Pequenas Causas. Na vila, as Promotoras Populares de Justiça dão plantão em suas casas, na associação do bairro, no clube de mães ou na igreja.

As Promotoras Populares de Justiça aprendem como lidar com casos de maus tratos a crianças, estupro, prostituição; como prover uma legalização fundiária. As promotoras tomam conhecimento, enfim, dos mecanismos legais à disposição da cidadania."Elas passam a ser uma espécie de porta-voz legal da comunidade", explica Desir. O curso, ministrado por advogados, promotores e agentes sociais, não visa apenas a formação das mulheres, mas quer ser também um espaço de convivência, de auto-ajuda e de recuperação da auto-estima de pessoas que tiveram seus direitos violados.

"É impressionante os relatos que se escuta", conta Desir. Também são mulheres de vila a clientela do curso de alfabetização oferecido pelo CECA. Trata-se de um curso básico, em que elas aprendem a ler e a escrever recorrendo a palavras-chave da sua convivência diária. "Muitas vezes não temos noção da importância para essa gente do fato de poder ler. Mulheres contam como é humilhante ir ao supermercado e adquirir os produtos pela cor da embalagem, ou tomar um ônibus errado porque não soube identificar para onde estava se dirigindo".

Os cursos, de um ano de duração, têm que adequar os horários à disponibilidade da clientela. Isso significa programar as aulas para um horário em que os maridos não estejam em casa porque alguns não permitiriam às esposas sair de casa e buscar essa qualificação.Via de regra, os cursos são oferecidos das 14h às 17h, período em que os filhos estão na escola e os maridos no trabalho. "Muitas delas sequer chegam a comentar com os parceiros que estão aprendendo a ler", relata Desir.

E onde entra o ecumenismo e a Teologia da Vida nessas propostas? "Essas realidades não têm denominação religiosa. Elas são comuns aos moradores das vilas. É como a fome. Dói tanto na barriga do católico como na do luterano ou do espírita", assinala. "A nossa preocupação não é identificar a origem religiosa das pessoas, mas qualificá-las, ajudando-as, assim, a recuperar sua auto-estima".

Contacte: John Newbury, Imprensa & Informação do CMI
Oficina de Harare
Tel: +263.91.23.23.81
E-Mail: media


O Conselho Mundial de Igrejas é uma fraternidade de igrejas que reúne 339 denominações, de diferentes tradições cristãs, em mais de 100 países, nos cinco continentes. A Igreja Católica Romana não é membro do CMI, mas trabalha de modo cooperado com o Conselho. Seu órgão decisório máximo é a Assembléia, que se reúne a cada sete anos. O CMI foi fundado, formalmente, em 1948, em Amsterdã. Seu staff é liderado pelo secretário-geral, pastor Konrad Raiser, da Igreja Evangélica da Alemanha.


A lista dos press releases
8a. Assembléia e Cinqüentenário em espanhol