CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS
8a. Assembléia e Cinqüentenário

PRESS RELEASE
Comunicado de Imprensa No. 13
8 de dezembro de 1998

Oficina de Comunicação do Conselho Mundial de Igrejas
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CAMPANHA VAI PROPOR DESARMAMENTO RADICAL

Organizações não-governamentais (ONGs) vão levar ao governador eleito do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, uma proposta de campanha visando o desarmamento radical da cidade. A proposta integra um movimento maior, em formação, de microdesarmamento, liderado a nível internacional pela IANSA, uma rede de ONGs preocupada com o crescimento da violência por armas de pequeno porte.

O antropólogo Rubem César, da ONG Viva-Rio, deposita grandes expectativas nessa campanha. "No Brasil todo mundo tem medo de arma. Nós não temos aquela cultura do norte-americano que incorporou o porte de arma como um direito individual", diz César. Embora as estratégia de ação não estejam definidas, a campanha de desarmamento pretende mexer com a comercialização de armas, do revólver à metralhadora do tipo R15.

A Inglaterra, onde nasceu o movimento, proibiu, por pressão da sociedade civil, a venda de qualquer tipo de arma leve. A IANSA também pretende constituir um banco de dados sobre a produção e comercialização de armamento leve, e dos casos de violência que esse tipo de arma provoca. "A ONU já tem um registro sobre armas pesadas. Mas falta um registro de armas leves", conta o antropólogo.

A polícia do Rio apoia esse tipo de campanha, revela Rubem César. "Nesse sentido, ela é uma aliada. Mas precisa existir um controle de armas da própria polícia, que atira demais", argumenta. O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é um dos interlocutores da IANSA nessa proposta do microdesarmamento. Rubem César pretende envolver as igrejas do Rio na campanha que as ONGs estão gestando.

Não é o primeiro projeto de cidadania em que as igrejas são convidadas a se integrar. O próprio Viva-Rio, que busca uma maior integração das favelas à cidade do Rio de Janeiro, conta com o apoio decisivo de denominações religiosas, das pentecostais às evangélicas, dos católicos aos espíritas, que têm presença marcante nas áreas mais pobres da capital. O Viva-Rio tem uma espécie de "franchising" com igrejas, associações de bairro, clube de mães e sindicatos, parceiros que cedem espaços e ministram os cursos. Um quarto da população carioca mora nas favelas.

"Só para ter uma idéia, ao chegar aos 18 anosde idade 60% dos jovens do Rio não têm o primeiro grau concluído", arrola Rubem César. O Viva-Rio desenvolve, bem por isso, programas de educação, como o Oportunidade Futura, que trabalha com mais de 15 mil jovens. Outro programa, o Serviço Civil Voluntário, oferece formação a essa clientela quase adulta que não concluiu o fundamental, ministrando conhecimentos de informática, de direitos humanos, e projetos voltados à profissionalização, além de proporcionar-lhe a conclusão daquela etapa no ensino formal.

"A educação é aspecto fundamental no Brasil, ainda mais do jovem, para evitar que chegue à idade adulta e percorra os caminhos da marginalização", sustenta o antropólogo. Por isso o Viva Rio volta seus projetos aos jovens, de modo especial na faixa etária dos 15 aos 24 anos. "Ele é o centro da violência, vítima e agressor ao mesmo tempo", analisa Rubem César. A convite do CMI, Rubem César e mais quatro jovens do Rio apresentaram, na capital do Zimbábue, dois "padare" - palavra no dialeto shona que significa reunião informal - sobre o Viva Rio e o microdesarmamento.

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