CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS
8a. Assembléia e Cinqüentenário

PRESS RELEASE
Comunicado de Imprensa No. 10
6 de dezembro 1998

Oficina de Comunicação do Conselho Mundial de Igrejas
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VISÃO DO ENTENDIMENTO COMUM GERA DESENTENDIMENTOS

Depois de oito anos de estudo pelas igrejas-membros e merecer a aprovação do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o documento "Para um entendimento e uma visão comum" (EVC), uma espécie de carta de princípios do ecumenismo para o século XXI apresentada hoje à Assembléia para homologação, encontrou um sério obstáculo pela frente e dificilmente vai ser adotado como um documento final. Igrejas ortodoxas argumentam que existem muitas inquietudes em relação à futura caminhada ecumênica.

"Como ter um entendimento comum se perdemos o entendimento próprio, se cada vez nos dividimos mais?" - perguntou o arcebispo ortodoxo Anastásios, de Tirana e de toda Albânia, à plenária do CMI, e pediu: "Tomem a sério as vozes das periferias, dos milhões de ortodoxos que não podem aqui se manifestar". Para ser um documento final ele deve alcançar o consenso, sugere o líder ortodoxo, que propos adotá-lo como documento de trabalho.

Nas palavras do reverendo Hilarion Alfeyer, da Igreja Ortodoxa Russa, "sentimo-nos cada vez mais incômodos no CMI", lembrando que duas denominações ortodoxas já abandonaram o organismo ecumênico internacional e outras estão sujeitas a seguir o mesmo caminho se o Conselho não passar por uma profunda reformulação. Os ortodoxos querem ter mais voz no CMI, predominantemente protestante, e um outro sistema decisório, assim que tenham mais voz. O sistema decisório que o Conselho adotou segue o modelo parlamentarista. As igrejas ortodoxas preferem um modelo que valorize o consenso.

Os aplausos no plenário foram dirigidos, no entanto, à manifestação da pastora anglicana negra Rose Hudson-Wilkin. Muitos jovens e outros delegados se perguntam, disse, o que está se passando na plenária com esse debate envolvendo anglicanos, protestantes e ortodoxos. Parece um concurso de quem tem a melhor teologia, que tem a melhor igreja, arrolou. "Ao invés de nos envolvermos em rebuscada linguagem teológica que justifique isso tudo, sejamos honestos, trata-se de uma questão de poder", anunciou.

Além da aprovação do documento EVC, a Assembléia terá que se manifestar a respeito de outra proposta controvertida. Trata-se do Forum de Igrejas Cristãs e Organizações Ecumênicas, que seria, nas palavras de Marion Best, da Igreja Unida do Canadá e membro do Comitê Central do CMI, uma reunião ocasional no qual se celebraria o culto e estudaria questões de interesse para os cristão com vistas a um entendimento mútuo. Nesse forum o Conselho seria um entre outros parceiros de diálogo. A proposta está em debate. Líderes como o bispo Rolf Keppe, da Igreja Evangélica da Alemanha, temem, contudo, uma dupla estrutura, com o conseqüente aumento de custos.

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O Conselho Mundial de Igrejas é uma fraternidade de igrejas que reúne 332 denominações, de diferentes tradições cristãs, em mais de 100 países, nos cinco continentes. A Igreja Católica Romana não é membro do CMI, mas trabalha de modo cooperado com o Conselho. Seu órgão decisório máximo é a Assembléia, que se reúne a cada sete anos. O CMI foi fundado, formalmente, em 1948, em Amsterdã. Seu staff é liderado pelo secretário-geral, pastor Konrad Raiser, da Igreja Evangélica da Alemanha.


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