CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS
8a. Assembléia e Cinqüentenário

PRESS RELEASE
Comunicado de Imprensa No. 9
7 de dezembro de 1998

Oficina de Comunicação do Conselho Mundial de Igrejas
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DÍVIDA BRASILEIRA É IMPAGÁVEL

"O Brasil não tem condições de pagar sua dívida externa. Mais dia menos dia, tenho certeza que o país vai quebrar". A opinião não é de nenhum economista de plantão, mas de Ann Pettifor, diretora da Coalizão Jubileu 2000, um movimento que surgiu na Grãn-Bretanha em 1996, está organizado em 40 nações, e que luta para o cancelamento das dívidas externas dos países pobres do Terceiro Mundo na virada do milênio. Ela vai participar de um "padare" - encontro informal de debate -, previsto na programação da 8a. Assembléia Geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reunido em Harare de 3 a 14 de dezembro.

O raciocínio da diretora do Jubileu 2000 é simples: o país não vai conseguir continuamente o socorro do exterior para fechar as suas contas. "Vimos recentemente a má vontade no Congresso dos Estados Unidos em alcançar outra vez recursos para o Brasil". O atual funcionamento do sistema financeiro, com dinheiros voláteis aterrissando e decolando onde o ganho é maior, não tem futuro, garantiu. A dívida externa da maioria dos países endividados é injusta e impagável, afirmou. Ao mesmo tempo, Ann pede às elites nacionais, associadas aos interesses do capital internacional, que reflitam sobre o caos instalado no mercado.

Em Harare, Pettifor vai dizer que "o capitalismo precisa das igrejas e do Jubileu 2000 para manter-se e evitar o colapso", enfatizando para tanto o cancelamento da dívida dos países devedores. O movimento que ela representa também defende a instalação de um Comitê de Arbitragem sobre falências de paises, e a legislação de lei que prevê a quebra e falência de países, o que já vige há anos na economia no que diz respeito às empresas privadas.

Juntos, os países devedores devem algo em torno de 2 trilhões de dólares. Desse montante, pelo menos mais da metade é "impagável", sustenta Pettifor. O Quênia, exemplificou, destina anualmente 820 milhões de dólares do seu orçamento para a saúde e a educação, e paga de juros 840 milhões de dólares/ano aos credores externos. "O povo do Quênia não sabe disso. Em muitos países da África o montante da dívida externa é segredo de Estado", contou.

A campanha do Jubileu 2000 pergunta aos credores para quê e por quê emprestam dinheiro, até mesmo aos mais cruéis ditadores. A Coalizão Jubileu 2000 também descobriu que, nos últimos anos, 50% dos créditos concedidos pela Grã-Bretanha para a exportação foram aplicados na aquisição de armas. Por isso o movimento indaga aos governos tomadores de empréstimo quanto devem, para que serve o dinheiro tomado e quem dele se beneficia. "O ditador Mobuto morreu e deixou uma conta de 12,5 bilhões de dólares para o povo pagar, quando, seguramente, ele foi o maior beneficiário desses recursos", contesta Ann.

O presidente da Tanzania, Julius Nyerere, indagou aos credores internacionais se os tanzanianos teriam que matar os filhos para pagar as contas externas. "Os credores nem se tocaram", diz Ann. No caso do perdão da dívida, defende o movimento Jubileu 2000, o dinheiro poupado deve ser investido necessariamente no desenvolvimento humano, sem a interferência de governos e com a participação da sociedade civil e até mesmo de organismo internacional voltado a essa área, como é o caso do UNICEF.

Os países devedores, diz a diretora do Jubileu 2000, devem inverter a ordem: verificar primeiro quanto o país precisa destinar do seu orçamento para a saúde, a educação, a construção de moradias, a infra-estrutura, como água potável, e só então prover o pagamento da dívida externa.

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